SO MENGÃO: abril 2010

ESQUADRÃO INESQUECIVEL

FLAMENGO CAMPEÃO MUNDIAL INTERCLUBES 1981

Na final do mundial Interclubes de 1981 o Flamengo iria enfrentar nada mais nada menos do que a equipe do Liverpool da Inglaterra, bicho-papão campeão europeu daquele ano vencendo o Real Madrid da Espanha, já dava pra sentir o que iria enfrentar o time brasileiro. O jogo foi no Estádio Nacional de Tóquio, nomeio do domingo da capital japonesa, então uma terra futebolística de ninguém. Precisou ser lá longe, para que uma corrente de paixão ligasse os dois extremos da terra. O Flamengo entrou em campo no frio inicio da tarde do dia 13 no Japão com camisa branca, de mangas compridas, vestindo Raul, Leandro, Marinho, Mozer e Junior; Andrade, Adílio e Zico: Tita, Nunes e Lico, o maior time da historia rubro-negra. Uns poucos torcedores conseguiram viajar a Tóquio para acompanhar uma das maiores batalhas do futebol mundial. Outros venderam até carros para pagar a cara passagem. A maior parte da nação ficou no Rio e mandou o coração via satélite para, como sempre, empurrar o time no pavimentado caminho do sucesso.

E a mãe de todas as conquistas revelou-se linda e fácil, especialmente pelos pés mágicos de Zico. Ele não marcou, pelo menos não no jeito convencional. Mas seus passes, seus lançamentos suas incríveis jogadas foram o passaporte para a conquista. O Flamengo começou tocando com precisão a bola, estudando cuidadosamente cada lance diante dos ditos bichos-papões ingleses. Logo se viu que o futebol brasileiro era muito, muito superior. Assim, aos 12 minutos, da cabeça do circulo central, Zico viu Nunes pela esquerda e deu um daqueles seus toques que valiam ouro. O centroavante rubro-negro apenas tocou na saída do goleiro Gobbrelaar.

A um planeta de distancia, a terra rubro-negra explodiu numa euforia inédita. Era bom, era gratificante vencer o maior jogo do mundo. A enorme multidão nas ruas da madrugada do domingo brasileiro pulou e festejou como se fosse terça-feira de carnaval. E não parou de se esbaldar, igual ao time em Tóquio. Só aos 24 minutos, o Liverpool conseguiu a proeza de chutar contra o gol de Raul. Dez minutos depois, nova injeção do veneno rubro-negro. Falta na intermediaria e Zico reformula seu estilo, batendo forte, no canto direito, onde estava o goleiro. Surpreendido com a nova arma saída do baú de encanto do supercraque da camisa 10, Gobbrelaar soltou a bola e Adílio entrou para completar. Dois a zero e o título mundial ali, ao alcance dos olhos. O que seria uma decisão complicada, uma batalha negociada a cada segundo, virou um desfile do brilhante jogo do Flamengo. Aos 40 minutos, Adílio tocou a Zico, que virou o corpo e lançou a bola, cheia de efeito, entre os zagueiros adversários, na direção de Nunes. Entrando em diagonal pela direita, o centroavante bateu com a precisão que seus pés ganhavam nos jogos decisivos. A bola entrou mansa, rente à trave direita, no cantinho do gol inglês. Três a zero, dava pra tocar no título inédito. Quis o destino que no segundo tempo, a decisão do Mundial Interclubes não virasse uma humilhação e as pelo menos cinco oportunidades claras de gol criadas pelo Flamengo não entraram. O Liverpool, o bicho-papão, a maquina inglesa, estava inapelavelmente batido. Quando o juiz mexicano Mario Rubio Velásquez apitou o fim do jogo, Leandro, o coração mais passional entre os craques rubro-negros, gritou com força, para avisar ao planeta inteiro e ser ouvido pela multidão que vibrava no Rio de Janeiro: “Mengoooooo! Somos campeões do mundiais”.